ōeru: a paradigm shift
Como é que seria a vida das mulheres japonesas numa sociedade matriarcal?
Como é que seria a vida das mulheres japonesas numa sociedade matriarcal?
Partindo de uma observação das condicionantes femininas presentes no filme Happy Hour de Ryūsuke Hamaguchi, ōeru: a paradigm shift imagina uma sociedade matriarcal japonesa. As mulheres têm um papel central na família e na política, tendo uma maior representatividade no governo. Este matriarcado não é uma diferença total do patriarcado, sendo distribuídas várias responsabilidades de uma forma igualitária. Nesta sociedade as mulheres vivem sem estarem condicionadas a uma aparência e um certo comportamento imposto pelo homem.
Nesta ficção segue-se a vida de uma mãe casada que pretende mudar de carreira profissional. Devido às liberdades disponibilizadas pela sociedade matriarcal em que vive, consegue escolher várias roupas diversificadas para as suas entrevistas de emprego. Não se tem de preocupar com o male gaze e pode explorar o seu próprio individualismo.
No project room foram representados dois polos opostos: um real e um ficcional. Através de um ambiente imersivo pretendeu-se que o visitante tivesse uma experiência envolvente, compreendendo o contexto cultural e situacional do tema. Era convidado a analisar e observar os diferentes polos, assim como incentivado a uma discussão sobre a ficção crítica.
Com seguimento do projeto, desenvolveu-se uma ficção que demonstra os pensamentos de uma mulher que não quer ser mãe. Esta expressão transmite-se através do exemplo de alguém que recusa os papéis que a sociedade japonesa tipicamente impõe, de uma forma honesta e direta. O título advém deste sentimento e intenção, significando ovum óvulo em inglês. Este é uma célula sexual feminina, sem ser fecundada. Desta forma dá-se foco à individualidade e independência da mulher.
Com um propósito crítico, este projeto apoia-se como referência de base na longa-metragem Happy Hour de Ryūsuke Hamaguchi. Este filme segue a vida de quatro personagens femininas nos seus trinta anos, enquanto experienciam as suas vidas pessoais e profissionais. Durante as cinco horas e dezassete minutos de exibição o espetador é confrontado com todas as problemáticas da história que, apesar de esta ser puramente ficcional, é extremamente realista.